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domingo, 26 de outubro de 2014

Um segredo

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Hoje acordei me sentindo diferente de como acordei nos últimos dias, não sei se sentia um alívio ou um peso maior ainda. Não sei se era felicidade ou uma preocupação maior. Porque não ser uma mistura disso tudo?

Tive uma noite linda com uma companhia que, pra ser sincero, era a única que eu queria ao meu lado. Tudo o que eu queria era que a noite não terminasse. Poder assumir tudo o que estou sentindo e despeja-lo em quem eu estou sentindo sem ter nenhum vestígio de pena.

Estive perguntando de onde saiu essa minha ideia e fascinação pelo "desapego". Depois de muito pensar, repensar, analisar, eu soube. Ah, entendi tudo. Sabe qual o meu problema?



Eu sou muito intenso. Não sei ser de menos, amar um pouquinho ou sentir pela metade. Não consigo guardar palavras nos pensamentos ou fingir ser algo que não sou só para parecer normal. Aqui é alma, corpo e coração. É se jogar no abismo sem o receio de não ter ninguém lá embaixo esperando por mim. Quero tudo muito, agora, anda! Vê se não demora, porque também não gosto de esperar. Aqui é oito ou oito mil. Se for pra ser, que seja demais, intenso, dê frio na barriga. Que seja rápido, repentino, gostoso. Que me jogue na parede, puxe pelo cabelo e me leve para viajar no dia seguinte. Que seja algo surreal, que dê borboletas no estômago e me deixe querendo mais. Que seja faísca, fogo, incêndio. Que seja um amor gritante, insano e completamente, único. Mas se não puder ser tudo isso, que seja um nada. Que vá embora da minha vida antes mesmo de cruzar a soleira da porta. Gosto que me transbordem, e não apenas acrescentem.

Nós que somos intensos temos dois caminhos a seguir: o caminho mais fácil e o caminho mais difícil. O caminho mais fácil é o que escolhi desde o início, o desapego. Se é para ser tudo ou nada, que seja logo o nada. Que seja o desapego, a liberdade, a leveza de ser sozinho. Que seja o aprender do caminhar sem mãos dadas, o equilibrar sem apoio, o sorrir sem motivo. Que seja a valorização do eu, a preservação do coração, a armadura que previne o cupido. Que seja sozinho, mas que seja feliz. Se for pra ter um pouco, que não tenha nada.


E qual o caminho mais difícil? Ora, vocês já devem saber. A segunda estrada nos leva ao amor, ao tudo, ao intenso. Só os corajosos tem armas suficientes para combater os inimigos invisíveis que insistem em assombrar esse caminho tortuoso e sem volta. Agora vocês me entendem melhor? Se comigo é tudo ou nada, estou esperando alguém que mereça o meu ''tudo''. Alguém que me ensine a voar, cure o meu medo de altura, me dê as mãos. Alguém que não se importe com meu passado, sare as feridas, remende o coração. Alguém que assim como eu, se protegeu tempo demais, e agora vai se permitir viver - pela primeira vez.



E eu só queria ter falado tudo isso pra ele ontem a noite! Queria ter falado o quando eu o amo. O quanto eu me sinto vivo com ele. Sobre como ele faz eu perder o meu medo de altura. QUeria dizer que eu quero casar com ele, mas ão só casar. Quero ter filhos com ele e viver pra sempre juntos. Em uma vida linda, no conto de fadas que nós vamos escrever juntos. Porque eu não falei? Nem eu sei. Mas eu senti. Ah, como eu senti.


Rapha Goméz

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